Jornal de Angola critica "portugueses ressabiados"
O editorial do diário estatal Jornal de Angola refere-se hoje ao "ressabiamento" de Portugal sobre o percurso eleitoral do país, no dia em que se assinalam os 39 anos sobre a proclamação da independência angolana.
Intitulado de "Forças contra a democracia", o editorial critica nomeadamente a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), aludindo às recentes declarações do presidente do maior partido da oposição, Isaías Samakuva, que em Lisboa apontou a necessidade de uma nova independência do país.
"Ameaçar com a 'terceira independência' é insultar os milhões de angolanos que votaram em todos os atos eleitorais, de 1992 a 2012. Não há pior intolerância política do que ignorar as ideias, os valores, os sentimentos e as opções ideológicas ou religiosas dos outros", sublinha o mesmo editorial, acusando Samakuva de "empurrar angolanos menos informados para um retrocesso civilizacional".
O artigo recorda a independência de Angola e aluta armada que se seguiu ao período colonial, concluindo: "Ninguém pode arrancar estas páginas da História com a desculpa da 'reconciliação nacional'".
De acordo com o artigo do Jornal de Angola, "intolerância política é desrespeitar a figura do chefe de Estado" e "acusar o partido que venceu as eleições de fraude", referindo-se ao Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), liderado por José Eduardo dos Santos, que é também o Presidente angolano desde 1979.
"É uma intolerância tão cega que há muito devia ter merecido uma resposta definitiva e exemplar. Porque os votos que entraram nas urnas são dos angolanos, não dos racistas de Pretória, dos portugueses ressabiados, dos conspiradores de Washington, Paris, Londres, Bruxelas e outras capitais do mundo", refere o editorial.
O artigo termina referindo que "intolerância política é perder as eleições e agir como se as tivessem ganho" e que "quem quer a 'terceira independência' é contra a democracia".
As comemorações do 39.º aniversário da independência de Angola, proclamada pelo primeiro presidente, António Agostinho Neto, a 11 de novembro de 1975, concentram-se este ano na província do Huambo, considerada um bastião da UNITA durante os anos da guerra civil.